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sexta-feira, agosto 31, 2007

Gabarito oficial do Enem sofre alterações

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) informou que houve erro em duas questões no gabarito oficial do Enem 2004 (Exame Nacional do Ensino Médio).Para a prova amarela, as respostas corretas para as questões 20 e 21 são A e E, respectivamente. Para a prova branca, as respostas corretas para as questões 4 e 5 são A e E, respectivamente. Para a prova verde, as respostas corretas para as questões 29 e 30 são A e E, respectivamente. Para a prova rosa, as respostas corretas para as questões 12 e 13 são A e E, respectivamente.A redação teve como tema "Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação". A partir de uma charge, de três textos com diferentes análises sobre o papel da mídia e de trechos da Constituição, os participantes tiveram que desenvolver uma dissertação.
As escolas que tiverem mais de 90% de seus alunos matriculados na terceira série do ensino médio presentes ao Enem poderão solicitar um boletim com a média dos resultados do conjunto dos seus estudantes. O documento poderá ser solicitado pelo e-mail enem@inep.gov.br.

Gabarito aqui:http://www.enem.inep.gov.br/default.php

terça-feira, agosto 28, 2007

BOLETIM _ sobre o resultado do ENEM e outras notas interessantes

Enem divulga resultado em novembro
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) irá divulgar na segunda quinzena de novembro o boletim com os resultados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
O resultado será enviado aos candidatos pelos Correios e também estará disponível na internet, no site www.inep.gov.br. Realizado no último domingo, o exame contou com a inscrição de 3,5 milhões de estudantes, 200 mil pessoas a menos que em 2006, segundo o Ministério da Educação.



FEIRA

Expo Carreira dá orientação a estudantes
DA REDAÇÃO
Nos dias 31 deste mês e 1º de setembro, o Transamérica Expo Center sedia a Expo Carreira, feira de captação e orientação de jovens talentos.
No local, cerca de 30 empresas darão informações a estudantes sobre estágios, trainees e MBAs. A feira ocorre das 10h às 19h. Os interessados devem cadastrar o currículo no site www.expocarreira.com.br.
A entrada é gratuita. O evento ocorre na av. Dr. Mario Villas Boas Rodrigues, 387, Santo Amaro, em São Paulo.

Liminar determina que Unesp isente de taxa todos os alunos da rede pública
Em nota, a instituição afirma que o grande número de inscritos inviabilizaria o vestibular
FERNANDA CALGARO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma liminar (decisão provisória) do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo determina que todos os alunos da rede pública que pedirem isenção da taxa de R$ 100 do vestibular da Unesp sejam atendidos. A medida já vale para este processo seletivo. O mérito do caso ainda não foi julgado em definitivo.
No entanto, Jaqueline Lorenzetti Martinelli, promotora de Justiça do Grupo de Inclusão Social do Ministério Público do Estado de São Paulo, que entrou com a ação em 2 de julho, avalia que, até o julgamento ocorrer, provavelmente a fase de inscrição, que vai até 5 de outubro, terá acabado.
"E mesmo que a liminar caia, o que acho difícil, o candidato terá pedido a isenção quando a medida estava valendo. Portanto, entendemos que a concessão da isenção deve permanecer." O período para pedir isenção teve início ontem e vai até o dia 6 de setembro.
A rede de cursinhos comunitários Educafro é a autora da representação ao Ministério Público que originou a ação, que tem como alvo apenas a Unesp. "Escolhemos a Unesp por ter mais campi no interior", justifica a promotora.
Os critérios para a concessão, segundo o edital, são: ter feito o ensino médio em escola pública ou em particular com bolsa integral, ou ter cursado supletivo; ter renda individual mensal igual ou inferior a R$ 456; morar no Estado de São Paulo ou ter vínculo com cursinho comunitário ou escola pública paulista. Inicialmente, estavam previstas 6.244 isenções.

Outro lado
Em nota, a Unesp afirma que, "neste cenário, a universidade não teria condições de realizar o vestibular 2008 por duas razões principais: a) logística -falta de tempo para organizar uma equipe dimensionada para aplicar e corrigir as provas do vestibular conforme o padrão habitual da Unesp para um universo tão grande de candidatos; b) absoluta falta de recursos para bancar uma despesa aproximadamente 300% maior com uma arrecadação provavelmente 35% menor". O texto diz que, em vez dos 92.840 inscritos de 2007, poderiam ser quase 500 mil, já que, a cada ano, só na rede pública de SP 450 mil concluem o ensino médio.

segunda-feira, agosto 27, 2007

Carlos Drummond de Andrade _ Resíduo

(...) Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.
(...) E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.
(Resíduo)

Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.

terça-feira, agosto 21, 2007

20 anos sem Carlos Drummond de Andrade


"A lição de Drummond
Nos 20 anos de sua morte, em 17 de agosto de 1987, o escritor mineiro, leitura obrigatória e referência poética nacional, é lembrado em homenagens no País
Moacir Amâncio
Há uma passagem inesquecível de Mário de Andrade a respeito de Drummond, oportuna para as homenagens dos 20 anos da morte do poeta mineiro, ocorrida em 17 de agosto de 1987. Ao comentar poemas do então jovem escritor, o rapsodo de Macunaíma fazia reserva ao excesso de inteligência que permeava os textos de Drummond. Uma espécie de impedimento, uma trava que poderia desviar a expressão poética, reduzindo-a a um brinquedo intelectual. Conclui-se: o ideal seria que Drummond pusesse de lado a consciência aguda e se deixasse levar pelo fluxo poético, algo que ninguém sabe direito o que seja. A opinião de Mário é inesquecível exatamente porque tem um efeito contrário ao da intenção. Em vez de permanecer uma crítica negativa, ela se torna ponto de partida para uma leitura de Drummond, da poesia de Drummond, e não da poesia como hipótese geral, impositiva e avessa à idiossincrasia mencionada.

Com a inteligência vem a nota da dúvida, mãe da vigilância que ao contrário do que parecia pensar Mário, fertiliza não só Drummond, mas tornou-se motivo forte para a produção e o estudo da poesia, que deixava de lado a ingenuidade, assim como outras superstições ligadas a ela. O escritor mineiro, nascido em 1902, produziria um efeito duradouro no modo de escrever poesia entre os brasileiros. Basta citar dois textos de Drummond, por sinal dos mais conhecidos: Poema de Sete Faces e No Meio do Caminho. São paródias brilhantes. Textos como esses obrigam o leitor a rever suas leituras, inclusive do próprio Drummond, com certeza o poeta mais estudado neste país - mas não esgotado. Tanto que o maior desafio para quem aceita a incumbência de falar sobre ele é esta: o que dizer que já não foi dito dezenas de vezes?

Neste caso, é preciso lembrar que, para quem lida diretamente com a linguagem poética, não se trata sobretudo de empreender análises, nem de levar em conta nos detalhes o que já se escreveu, mas sim de retornar ao texto limpo e vibrante, que persiste com seus disparos de estrelas. O título inaugural, Alguma Poesia, é um alerta que o autor faz para si mesmo e um aviso ao leitor e aos literatos: cuidado, a coisa não é bem assim... Não por falsa modéstia do escritor, sim por causa da incerteza cristalina capaz de iluminar e não de impedir o caminho - aquela mesma pedra que, na verdade, leva ao alargamento da estrada.

Essa visada não está ausente de A Flor e a Náusea, em que temos o homem voltado para as questões da hora - Drummond não se colocava numa posição de isolamento, como se vê pelo seu jornalismo e também pela poesia - feita de palavras, sim, mas sujas de vida. E sem concessões ao clichê e ao fácil: ''''Não recomponhas / tua sepultada e merencória infância. / Não osciles entre o espelho e a / memória em dissipação.''''

Intrigante que um homem com senso crítico agudo e amargo como Drummond tenha se transformado numa virtual unanimidade. Qual o significado disso em termos culturais amplos? Renunciar à inteligência, no caso, talvez levasse à renúncia da dúvida. Mesmo o último poema citado, um exercício sobre o renascimento e a esperança, não produz uma inócua decoração da sala de visitas e sim uma flor um tanto sem graça, até suspeita. Anuncia-se ali uma primavera cinzenta, nada mais. Vire-se com isto: ''''É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.'''' Uma flor com raízes no betume e na pedra.

Há uma questão ética aqui - o poeta não pode renunciar a si mesmo. E essa questão faz a ponte entre o poeta para poetas e o ''''leitor'''', tido como aquele que vai ao livro para um diálogo com as idéias e as sensibilidades do seu tempo, como material de existência. Em Drummond, encontrará as próprias perplexidades, nada de soluções. E isso só pode acontecer no contato direto, sem intermediários, em seus poemas exigindo sempre um olhar que procure a sintonia da primeira hesitação. A rigor, exige-se do leitor poeta a mesma visão limpa daquele que não escreve. Os diálogos com o texto porém levam a resultados diferentes. O poeta tem em Drummond uma grande lição sobre a arte e o homem em crise. A linguagem enxuta, de recorte áspero, brota com aquela flor mineral - a poesia possível.

Não se pretende de modo algum reduzir a importância das investigações feitas sobre a obra de Drummond. Elas são necessárias, a crítica funciona como um elo entre o trabalho artístico acabado e os vários momentos da história, torna-se uma espécie de extensão da obra original. A propósito, no ano passado o poeta e professor Alcides Vilaça surpreendeu com um belo estudo sobre Drummond. Mas, apesar da função do comentário, este não pode substituir o texto de referência e, quando ameaça substituí-lo, ou beira a perversão ou então destrói o poema. No fundo, como já foi dito, a leitura que se basta como tal funciona de modo parecido. O grande desafio é chegar ao nó do poema com a idéia de que esse nó é irredutível, ou não será.

Algo como fazer a omelete sem quebrar o ovo. Agora, o ovo precisa ser resistente o bastante. E aí está a prova da releitura. Caso o ovo permaneça intacto, ele continuará a irradiar seu enigma, como a chama de uma vela que não se vê. Ler e reler Drummond, para quem escreve poesia no Brasil, é tarefa permanente, como vemos nos contemporâneos dele e também na produção atual - encontra-se a presença de Drummond em cada esquina da poesia brasileira. E, com ele, mais, ou menos, Murilo Mendes, Dantas Mota, Jorge de Lima, Cecília, Quintana, Cabral, Ferreira Gullar. São vasos comunicantes de afinidades e contrastes.

Drummond leva a eles e eles nos devolvem a Drummond - a leitura se faz urgente coletiva por necessidade. No país do efeito fácil, da retórica mentirosa, ler Drummond com suas notas irônicas, graves, atritantes, angustiosas, continua obrigatório. Ao que tudo indica, ele errou na profecia, ao dizer a um colega que na atmosfera diluidora e sem memória vigente na terra, ambos silenciariam logo depois da morte. O País sofre de memória fraca, mas na eternidade do momento a leitura de Drummond mostra, até agora, que clássico deve ser o autor cuja ausência se tornou um quebranto permanente. Como esta tantalizante receita de leitura:"

''''Chega mais perto e

contempla as palavras,

cada uma

tem mil faces secretas

sob a face neutra

e te pergunta, sem

interesse pela resposta,

pobre ou terrível, que

lhe deres:

Trouxeste a chave?''''

quarta-feira, agosto 15, 2007

Sobre Programa de Inclusão Digital _ Fique por dentro.

"Governo vai comprar 54 mil PCs para Programa de Inclusão Digital
Quarta-feira, 15 de Agosto de 2007, 19h57

Empresas interessadas em participar da licitação, que vai adquirir 5,4 mil kits de equipamentos de informática, audiovisuais e mobiliários para a instalação de telecentros, já podem apresentar suas propostas no portal de compras do governo federal no endereço eletrônico http://www.comprasnet.gov.br/.

O aviso do pregão eletrônico foi publicado no Diário Oficial de terça-feira (14/8) e a abertura das propostas será na sexta-feira (24/8), às 9h30, na página do comprasnet. O edital nº 25/2007 já está disponível na página do Ministério das Comunicações, na internet (http://www.mc.gov.br/).

A instalação dos telecentros vai ampliar o Programa de Inclusão Digital em todo o Brasil, desde o interior do país até as periferias das grandes cidades. Até agora, 4.161 prefeituras atenderam à chamada pública, aberta em 1º de novembro de 2006 para a instalação dos telecentros comunitários, e o ministério continua recebendo inscrições para o programa.

“Nossa meta é instalar, inicialmente, pelo menos um telecentro em cada município brasileiro. Por isso, é importante que todas as prefeituras se cadastrem junto ao ministério.” – enfatizou o ministro Hélio Costa.

O telecentro é um ponto onde há 10 computadores disponíveis para uso gratuito da comunidade. A conexão à internet é em banda larga (alta velocidade), o que viabiliza a recepção de programas de TV educacionais e de telemedicina, realização de cursos profissionalizantes, treinamento de professores, entre outros.

Para se cadastrarem, as prefeituras devem acessar o formulário de inscrição disponível na página do ministério, na internet. O ministério encaminhou, por telegrama, o código de acesso de cada prefeitura. Caso tenha havido algum problema no recebimento do código de acesso, a prefeitura deverá fazer a solicitação pelo endereço eletrônico cgpe@mc.gov.br." Da Redação

Fonte:
TI INSIDE News é uma publicação da Converge Comunicações. A reprodução do conteúdo depende de autorização prévia. A Converge Comunicações não assume responsabilidades sobre mensagens alteradas, replicadas e encaminhadas por terceiros.

EXPEDIENTE: DIRETOR E EDITOR Rubens Glasberg; DIRETOR EDITORIAL Claudiney Santos; DIRETOR EDITORIAL André Mermelstein; DIRETOR EDITORIAL Samuel Possebon; SUCURSAL DE BRASÍLIA Carlos Eduardo Zanatta; REPORTAGENS Fernando Paiva (Rio de Janeiro), Ivone Santana, Letícia Cordeiro WEBSITE Marcelo Roberto Pressi (webmaster)

sexta-feira, agosto 10, 2007

O IDIOTA E A MOEDA - Arnaldo Jabor

Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas. Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: - uma grande de 400 REIS e outra menor, de 2000 REIS. Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos. Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos. “Eu sei”, respondeu o tolo assim. "Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda."
Pode-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.
A primeira: Quem parece idiota, nem sempre é.
A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?
A terceira : Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.
Mas a conclusão mais interessante é: A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito.
Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, o que realmente somos.

"O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente".

Surrealismo

Movimento artístico e literário que surge na França nos anos 20, reunindo artistas anteriormente ligados ao Dadá. Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud, enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa. Defende que a arte deve libertar-se das exigências da lógica e expressar o inconsciente e os sonhos, livre do controle da razão e de preocupações estéticas ou morais. Rejeita os valores burgueses, como a pátria e a família. O principal teórico e líder do movimento é o poeta, escritor, crítico e psiquiatra francês André Breton, que em 1924 publica o primeiro Manifesto Surrealista.
A palavra surrealismo havia sido criada em 1917 pelo poeta Guillaume Apollinaire (1880-1918), ligado ao cubismo, para identificar novas expressões artísticas. É adotada pelos surrealistas por refletir a idéia de algo além do realismo.
O início do movimento se dá por volta de 1922. No manifesto e nos textos teóricos posteriores, os surrealistas rejeitam a ditadura da razão e os valores burgueses. Humor, sonho e a contralógica são os recursos a ser utilizados para libertar o homem da existência utilitária.
Em 1929, os surrealistas publicam um segundo manifesto e editam a revista A Revolução Socialista. Entre os artistas ligados ao grupo, em épocas variadas, estão os escritores franceses Paul Éluard (1895-1952), Louis Aragon (1897-1982) e Jacques Prévert (1900-1977), o escultor italiano Alberto Giacometti (1901-1960), o dramaturgo francês Antonin Artaud, os pintores espanhóis Salvador Dalí e Joan Miró, o belga René Magritte, o alemão Max Ernst, e o cineasta espanhol Luis Buñuel.
Nos anos 30, o movimento internacionaliza-se e influencia várias outras tendências, conquistando adeptos em países da Europa e nas Américas. Em 1969, após sucessivas crises, o grupo dissolve-se.

ARTES PLÁSTICAS – A pintura pode ser considerada a principal manifestação artística do surrealismo. Rejeitada como meio de representação do mundo concreto ou da emoção do artista, ela deve expressar o inconsciente.
O movimento divide-se em duas vertentes. Uma mantém o caráter figurativo, mas produz formas inusitadas a partir da distorção ou justaposição de imagens conhecidas. Um exemplo é A Persistência da Memória, de Dalí. Em um espaço representado convencionalmente, relógios parecem estar se derretendo.
Os artistas da outra vertente radicalizam o automatismo psíquico, para que o inconsciente se expresse livremente, sem controle da razão. Entre os expoentes estão Miró e Ernst. As telas do primeiro caracterizam-se por composições de formas coloridas construídas com linhas fluidas e curvas, como em O Carnaval de Arlequim e A Cantora Melancólica.
Na escultura destaca-se o suíço Alberto Giacometti (1901-1966), autor da peça de madeira, arame, fios e vidro O Palácio às Quatro da Manhã.

CINEMA –Os filmes não revelam preocupação com enredo ou história. As imagens expressam desejos não racionalizados e aversão à ordem burguesa. Buñuel, em parceria com Dalí, faz Um Cão Andaluz (1928) e L'Âge D'Or (1930).

LITERATURA – Tanto a poesia como o romance tradicionais são rejeitados pelos surrealistas. A livre associação de idéias expressa o funcionamento do inconsciente. Por vezes são reunidas aleatoriamente frases ou palavras recortadas de jornais. O poeta Éluard, autor de Capital da Dor, adota esse processo de criação. André Breton, além dos textos teóricos do movimento, escreve obras ficcionais, entre elas Nadja, O Amor Louco e Os Vasos Comunicantes.

TEATRO – O surrealismo serve de base para que Artaud elabore seu teatro da crueldade. Poeta, dramaturgo, diretor e ator francês, ele tem como proposta despertar as forças inconscientes do espectador, para libertá-lo do condicionamento imposto pela civilização. Não há separação rígida entre palco e platéia. Parte de sua teoria está exposta no livro O Teatro e Seu Duplo (1936). A montagem mais representativa é a do texto Os Cenci (1935), sobre uma família italiana do Renascimento. Nos anos 40 e 50, os princípios do surrealismo influenciam o Teatro do Absurdo.

SURREALISMO NO BRASIL – O surrealismo é uma das muitas influências captadas pelo modernismo. Nas artes plásticas há traços surrealistas em algumas obras de Tarsila do Amaral, como na tela Abaporu, e Ismael Nery, cuja tela Nu mostra uma mulher branca de um lado e negra do outro. No início da carreira, o pernambucano Cícero Dias (1908-) pinta Eu Vi o Mundo, Ele Começava no Recife, obra que apresenta todas as características surrealistas. Entre os escultores o movimento influencia Maria Martins (1900-1973). Suas peças têm caráter fantástico, como o bronze O Impossível, em que bustos humanos têm lanças no lugar da cabeça.

quarta-feira, agosto 08, 2007

Abat-Jour

(Fernando Pessoa)
A lâmpada acesa
(Outrem a acendeu)
Baixa uma beleza
Sobre o chão que é meu.
No quarto deserto
Salvo o meu sonhar,
Faz no chão incerto
Um círculo a ondear.
E entre a sombra e a luz
Que oscila no chão
Meu sonho conduz
Minha inatenção.
Bem sei... Era dia
E longe de aqui...
Quanto me sorria
O que nunca vi!
E no quarto silente
Com a luz a ondear
Deixei vagamente
Até de sonhar...