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sábado, janeiro 13, 2007

Rastro

Rastro

Já me aguarda, o chão, o próximo passo
Eu vou firme
Piso destemido
entanto
Antevejo no tempo as marcas
Antes mesmo da passada.

O que faria eu, de mim, se vacilasse?
A caminho, um passo é um passo
O rastro é história
O que fica incompleto é inacabado
Longe de ser sucesso
Tão pouco é fracasso
É dúvida, fraqueza, vacilo, covardia
Desequilíbrio
Ato de descompasso.

Onde poria os pés senão em solo firme e adiante?
O que ficou não mais altera o futuro já sob a causa e efeito
E se repassado, o passo ao rastro, apenas deforma-lo-ia;
Porque o feito não pode ser refeito, e sim, no presente, corrigido.
Tudo é futuro. Não importa a trajetória, se retrogrado o movimento, ou progressivo.
Ou o que mais seria?

Não posso pisar em vão, é preciso passo firme.
Mas firmeza não me parece determinação ou certeza. É apenas coragem, e coragem às vezes é impulso do medo, ou qualquer soez emoção.

Por mais claro o dia, hoje,
O amanhã é sempre após a noite
E a noite de enigmática escuridão.

Envolto da minha armadura, eu vou firme
Como um gladiador valente
Minha espada bem afiada
Também é inteligente
Alia-se ao sol e ao vento
E revoa, luminosa, combatente
À ira cega do inimigo pensamento.

Levo o indispensável
Minha identidade e condecorações
O mais que da vida se tem é luxo, vaidade,
E luxúria ilusória não me convém.

Tudo que tenho, em mim está visível
Quem nada vê de valioso em mim merece minha afeição
Um verdadeiro amigo é coisa rara
Só se faz um em um milhão
Um amor é além de tudo sorte,
Se verdadeiro só sobrevive se nu
E na nudez ainda despir-se da própria ilusão.

Tudo que tenho
Nas mãos os calos da lida
Das lutas
E o perfume que ficou da flor da esperança
Que ao acariciar-me a linha do destino
Feriu-me por desafeto a compaixão.

No peito enlanguescido a dor
O sangue na ferida que se abre e por si cicatriza
Os pés sempre ardendo leva pontas de espinhos
Dos trilhos por onde andei
Contudo no meu descanso o suavizo
Com bálsamo de pétalas que nos sonhos de amor desfolhei.

O coração a tudo suporta
Enquanto iludido ao destino
Sonhando-se em raios multicores
A cada manhã de sol jamais amanhecido.

Para onde vou? Vou para o amanhã.
O que busco? Amor.
Sempre amor.

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