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sexta-feira, junho 15, 2007

O jovem

Cheio de entusiasmo e imperfeição o vemos, nas suas idéias e ilusões, quando o observamos de longe, bem de longe, da penumbra da meia idade; rimos da sua dor que fora verdadeiro sofrimento.

Por muito tempo pensei ter trancado o coração. Observava envergonhado ou com vanglória os episódios do passado.

Muito me arrependo de coisas que não fiz:
Passos que não dei
Riscos que não corre por excesso de cautela
Conselhos que não ouvi
Corpos que não abracei
Beijos que não beijei _ apenas os sonhei, dias e noites os sonhei.
Pessoas que não amei e no entanto a elas me dediquei
E outras que tanto amei e não me declarei...
Muitas palavras sufoquei... Tantas palavras!

Por muito tempo pensei ter amarrado meu coração. Olhava o passado como passado, como fatos que aconteceram e nunca mais aconteceriam pelas precauções que eu tomava.
Engano. Passado é passado apenas para o tempo; e o tempo dividido não existe, o que existe é vida _ movimento e conclusão _ nascer, existir e morrer. E o coração enquanto coração não conta o tempo, é constante movimento, é amor, solidão, ou o outro sentimento.

Eu pensei ter trancado meu coração.
Eu pensei nunca mais sofrer por amor
Nunca mais me apaixonar e ter noites de insônia pensando em alguém
Eu pensei que esse tempo se encerrara em mim por tê-lo parado no relógio do sentimento.
Engano, engano, engano!
Hoje, pelo que sei, pelo que tenho vivido, sofro muito mais;
Porque tudo é muito mais forte, e tudo é real.
Que saudade das ilusões! Que falta dos sonhos impossíveis!

Observando o jovem do passado, o precursor da dor e das ilusões, eu pensava: “Tolo, podia ter sido feliz!”
E pensando ser esperto e já saber de tudo dizia: “Ah, se fosse hoje!”.

Hoje cometo os mesmos erros!
Tenho passos detidos
Riscos dos quais fujo
Conselhos inúteis que ouço, e incentivos que não escuto.
E os corpos passam por mim e não os abraço; me desvio.
E os beijos!?
Ah, os beijos! Eles estão tornando veneno nos meus lábios para assassinar aos poucos minha mente.
E o corpo lindo que tem o calor que necessito, nas carícias que sempre sonhei, passa;
A mulher perfeita passa, passa por mim e se vai sumindo, sumindo... E eu não a abraço...
Nem digo o quanto a desejo e amo.
Eu vacilo
Sou tão fraco
Estou tão cansado
Estou tão acabado
Nem sou capaz de usar o telefone.
E eu que tanto tempo humilhei aquele jovem que fui!

The Band - The Weight

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